Por Giselle Cupertino – julho de 2024
A ansiedade é uma experiência emocional complexa, caracterizada por um estado de tensão, preocupação e medo. Na perspectiva junguiana, ela não é apenas um sintoma a ser combatido, mas uma mensagem da psique que demanda atenção e compreensão. Jung via a ansiedade como um sinal de conflito interno, frequentemente resultante da falta de integração entre diferentes aspectos do eu. Os complexos, que são aglomerados de emoções, memórias e imagens formados em torno de experiências significativas, desempenham um papel crucial nesse contexto.
A ansiedade frequentemente surge quando um complexo é ativado, trazendo à tona medos ou inseguranças reprimidas. Por exemplo, o complexo de rejeição pode levar uma pessoa a sentir uma ansiedade intensa em situações sociais, conectando-se à sua experiência de abandono na infância. Da mesma forma, o complexo de inferioridade pode gerar reações emocionais desproporcionais, onde a comparação com os outros desencadeia sentimentos de inadequação e ansiedade. A ativação de complexos frequentemente provoca um conflito interno entre o desejo de evitar a dor associada e a necessidade de enfrentar e integrar essas emoções.
Outro aspecto importante na análise da ansiedade é a sombra, que representa os aspectos ocultos e indesejáveis da personalidade. A presença da sombra pode ser uma fonte significativa de ansiedade, pois ao surgirem situações que evocam conteúdos sombrios, a pessoa pode sentir uma intensa resistência e medo. A sombra não reconhecida pode intensificar a sensação de angústia, criando um ciclo de ansiedade que se perpetua.
Para lidar com a ansiedade, o primeiro passo é reconhecer quais complexos estão influenciando suas emoções. Isso pode ser feito por meio da reflexão pessoal, terapia e análise de sonhos. A integração dos complexos é fundamental; ao trazer à consciência as emoções ligadas a eles, você pode começar a aceitá-las e entendê-las. A análise dos sonhos frequentemente revela complexos não resolvidos e aspectos da sombra, oferecendo insights valiosos sobre suas ansiedades.
Além disso, promover um diálogo interno, reconhecendo suas vozes e necessidades, pode ajudar a suavizar sua influência sobre a psique. A busca por um terapeuta junguiano pode ser extremamente benéfica, proporcionando um espaço seguro para explorar sua relação com a ansiedade. Assim, ao entender a ansiedade como um indicador de processos psíquicos mais profundos e ao integrar os complexos e a sombra que a alimentam, é possível promover um crescimento emocional e psicológico, caminhando em direção a uma maior autocompreensão e equilíbrio interior.
Giselle Cupertino, Psicóloga (CRP: 06/115764). Pós-Graduanda em Psicoterapia Junguiana. Certificada em Psicologia Positiva, Psicossomática, Transtorno Ansioso e Depressivo. Dedica sua vida profissional no tratamento psicológico de adultos e adolescentes com queixas de ansiedade, depressão, traumas, transtornos de personalidade, compulsões, conflitos nos relacionamentos, processos de luto e baixa autoestima. Além disso, a proposta do seu trabalho é direcionado ao autoconhecimento para uma vida mais leve e realizada.